"Atirei-me então a seus pés, abraçando-a pela cintura contra o peito, num frenesi furioso:
- Perdoa-me! Perdoa-me...
- Deixa-me - gemeu ela rompendo, finalmente, em soluços.
- Por causa disto!, por causa disto! - repetia eu rasgando o seu vestido com as unhas e os dentes. E ao mesmo tempo a esmagava contra mim, a sacudia como querendo embalá-la, cobria de beijos esse mesmo vestido, e lhe levantava a cabeça para lhe sugar a boca ou beber as lágrimas nos olhos.
- Deixa-me... - continuava ela a gemer, quase nua nos meus braços. E de vez em quando: - Isto não tem jeito! Temos de acabar com isto!
Mas não sabia defender-se. Parecendo-me então, que os meus transportes poderiam aterrá-la, comecei a falar-lhe mais brandamente, a deitar as culpas sobre mim, a prometer-lhe um futuro completamente diverso, convencido, na verdade, de me ser possível tratá-la de aí em diante como ela deveria ser tratada, como uma criança que era preciso proteger, - tudo no meio de carícias agora extremamente demoradas, voluptuosas, instintivamente requintadas...
E nessa noite, o nosso delírio ultrapassou o das nossas primeiras noites de amor. Nunca o meu prazer fora tão profundo; e eu bem sentia que o dela igualava o meu.»
O vestido cor de fogo
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Os livros que ninguém quis dar a ler
Pedaços de mim - Eugénia Tabosa