Quando descia para o seu quarto, à noite, ia sempre exaltado. Punha-se então a ler os «Cânticos a Jesus», tradução do francês publicada pela Sociedade das Escravas de Jesus. É uma obrazinha beata, escrita com um lirismo equívoco, quase torpe - que dá à oração a linguagem da luxúria: Jesus é invocado, reclamado com as sofreguidões balbuciantes de uma concupiscência alucinada: «Oh! Vem, amado do meu coração, corpo adorável, minha alma impaciente quer-te! Amo-te com paixão e desespero! Abrasa-me! Queima-me! Vem! Esmaga-me! Possui-me!» E um amor divino, ora grotesco pela intenção, ora obsceno pela materialidade, geme ruge, declama assim em cem páginas inflamadas onde as palavras gozo, delícia, delírio, êxtase, voltam a cada momento, com uma persistência histérica.
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Os livros que ninguém quis dar a ler
Pedaços de mim - Eugénia Tabosa